Tenho trabalhado na tradução de poemas do poeta contemporâneo francês Christophe Tarkos há um ano. Hoje, a revista literária escamandro publicou uma amostra do meu trabalho. Este fragmento faz parte de um projeto maior, que abrange a tradução completa do livro Caisses (P.O.L., 1998), ainda sem publicação no Brasil.
Com vocês, Christophe Tarkos – por meus olhos 😃

Christophe Tarkos escrevia principalmente em prosa e tinha forte ligação com a performance e a oralidade. Costumava declamar seus poemas sincronizando corpo, voz, expressão e gesto, como se o próprio texto se corporificasse. Os poemas, em sua forma escrita, seguem os princípios dessa poética: concretizam-se performaticamente na diagramação, na pontuação, na mancha que formam sobre o papel e nas escolhas gráficas, por exemplo. Como se o corpo do poeta se imprimisse e pudesse ser, a posteriori, experimentado pelo leitor.
Movida pelo interesse na investigação das relações entre o corpo e o texto, encontrei, na poesia de Tarkos, características que o distinguem no panorama da poesia francesa contemporânea. Uma dessas características é a repetição, dispositivo poético que, além de acercar o texto de cadência, ritmo e fluxo, gera um meio – uma materialização da substância textual. Essa substância, devido ao tratamento formal que lhe dá Tarkos, toma o espaço e…
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