
foi um dia de preguiça. tinha música nos ouvidos e holofotes iluminando o céu de nuvens pretas. chuviscou, depois parou, mas os pingos pesados continuavam a cair sobre seus joelhos, escorregados das árvores quando batia o vento. fazia tempo que estava sentada no degrau de cimento e sua bunda doía, então, cruzava e descruzava as pernas, ora inclinando o tronco mais para frente, ora mais para trás, tentando aliviar o peso sobre a pele amassada. estava incomodada e cansada, mas não pretendia se mover dali tão cedo, nem antes do concerto acabar. pipoca, dois reais – gritaram lá da frente. enquanto a orquestra tocava, a alma, desprendida do corpo, a puxava para cima. era um concerto de Natal, mas ela fazia planos para o ano novo, balançando os ombros ao ritmo de jingle bells. ao lado, Joana encantava-se com as flores do vestido que ela usava, ou com os contornos dos seus seios no decote. ela não sabia precisar.
a bunda latejava.
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