chego em casa
e você com a mesma cara (de bosta).
pergunto como foi seu dia
e você com a mesma resposta (de merda).
nada nunca está bom
ninguém nunca (te) satisfaz
a vida é um peso nas (suas) costas
você empurra (a gente) (pra longe) com a barriga
como fardos que tem que arrastar.
seu olhar está opaco
perdeu o brilho que iluminava a rua.
em torno dos olhos, dois círculos escuros
profundos.
seu sorriso
antes fácil e sincero
agora é raro e irônico
sarcástico (sempre nervoso).
quando você fala
o gosto é azedo
mal consigo olhar para você.
tenho raiva
me afasto
tenho pena.
de manhã
de manhãzinha
é o único lugar que te (re)conheço.