pego a caneta e não sei escrever. de dentro, sinto desejos — sinto-os todos pelo papel e pelas paredes brancas. o verso que não quer sair de mim é branco também. há nuvens de chuva no céu — alguns pingos estalados aqui e ali — e o som redondo do ventilador ventando no teto. não tem ninguém. aqui não tem. ouço aves lá fora, lá longe, lá grande onde não alcanço — só os ouvidos. estou parada. meu corpo está parado. meus pés estão em silêncio, descalçados, em cima do chão. não me movo.